Profa. Dra. Silvia Daher
Título da tese: Avaliação Quantitativa e Qualitativa de Monócitos em Pacientes com Diabetes Mellitus Gestacional
Resumo da tese: Introdução: Alterações imunológicas com desenvolvimento de perfil predominantemente inflamatório parecem estar envolvidas na fisiopatologia do Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). A participação de monócitos e de seus mediadores neste processo ainda não foi esclarecida. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de monócitos em sangue periférico de pacientes com DMG e, compará-lo com o de gestantes saudáveis e de não gestantes. Para tanto, quantificamos e avaliamos a expressão de TLR-4, da quimiocina CCR2 e de citocinas (TNF-A, IL-6 e IL-10) em monócitos circulantes de gestantes com e sem DMG e em mulheres não gestantes saudáveis. Métodos: Este foi um estudo do tipo transversal analítico. Foram selecionadas pacientes cursando o 3º trimestre da gestação, saudáveis e com DMG, e um grupo de mulheres não gestantes saudáveis. Foi coletado sangue periférico para avaliação quantitativa de monócitos totais e suas subclasses, e também para caracterizar a expressão fenotípica espontânea e pós-estimulação por lipopolissacarídeo (LPS) de TLR-4, CCR2 e de citocinas nestas células. Todas as participantes realizaram teste de tolerância oral a glicose com 75g (TTOG) até a 20ª semana de gestação, e o diagnóstico de DMG, foi estabelecido segundo os critérios do IADPSG. Foram avaliadas as porcentagens de monócitos total (CD14+ ), clássicos (CD14+CD16-), intermediários (CD14+CD16+) e não clássicos (CD14+CD16++) por citometria de fluxo. A mesma técnica foi utilizada para avaliação da expressão espontânea e pós-estimulação por LPS de TLR-4, CCR2, TNF-A + , IL-6 + e IL-10+ em todas as subclasses. Para a análise estatística foram utilizados os testes t de Student, One-Way ANOVA, Kruskal-Wallis, χ 2, correlação de Pearson. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05. Resultados: Foram incluídas 38 pacientes cursando o terceiro trimestre de gestação, sendo 20 saudáveis e xv 18 pacientes com DMG, além de 18 mulheres não gestantes em idade reprodutiva. Os grupos controle e com DMG apresentaram número menor de monócitos totais CD14+quando comparadas com o grupo não gestantes, tanto na expressão espontânea (6,30 +/- 2,37 x 6,67 +/- 1,81 x 11,95 +/-4,07, respectivamente, p<0,0001 - Teste One-way ANOVA), quanto após estímulo com LPS (Med: 5,37 x 5,24 x 9,74, Iq: 4,33 - 6,29 x 3,88 - 7,15 x 6,38 - 11,78 respectivamente, p=0,0005 – Teste Kruskal-Wallis). Não observamos diferença estatisticamente significante entre os grupos de estudo quando analisamos as demais subclasses de monócitos (clássicos, intermediários e não clássicos) em ambas as situações: produção espontânea ou estimulada por LPS. O grupo com DMG apresentou menor expressão de TLR-4 por monócitos clássicos quando comparado com os grupos controle e não gestantes (Med: 39,40 x 71,65 x 63,30, Iq: 11,33 -69,83 x 61,80 - 76,78 x 21,50 - 74,23 respectivamente, p=0,01 – Teste de Kruskal-Wallis). O mesmo ocorreu nos monócitos intermediários (Med:84,25 x 100,00 x 100,00, Iq: 56,10 - 100,00 x 87,00 - 100,00 x 87,50 -100,00 respectivamente, p=0,04 – Teste de Kruskal-Wallis) e, embora não tenha sido estatisticamente significante em monócitos não clássicos, observamos uma tendência a menor expressão de TLR-4 também nas diabéticas (Med: 88,70 x 100,00 x 100,00, Iq: 55,55 - 100,00 x 88,03 - 100,00 x 86,10 - 100,00 respectivamente, p=0,08 – Teste de KruskalWallis). Identificamos também níveis mais baixos de sCD14+no grupo controle quando comparados aos grupos DMG e não gestante (Med: 225,50x 779,20 x 1383,00, Iq: 152,90 - 274,90 x 229,80 - 1623,00 x 836,70 -1658,00, respectivamente, p<0,0001 – Teste de Kruskal-Wallis). Como esperado, identificamos alterações nos parâmetros laboratoriais nas gestantes diabéticas (hemoglobina glicada: 5,72 +/- 0,33 x 5,32 +/- 0,41 x 5,33 +/- 0,31, respectivamente, p<0,0001 - Teste One-way ANOVA; xvi glicemia de jejum 89,60 +/- 5,55 x 81,52 +/- 8,64, p=0,001 - Teste t de Student). Não foi demonstrada correlação entre as porcentagens de células CD14+ e os níveis de hemoglobina glicada e de glicemia de jejum. Conclusão: As pacientes com DMG apresentaram menor porcentagem de monócitos que espontaneamente expressavam TLR-4. Gestantes com e sem DMG apresentaram menor porcentagem de monócitos totais (CD14+ ) e, de monócitos que expressavam IL-10+ do que as não gestantes.